
Laos, há muito conhecido como a "bateria do Sudeste Asiático", construiu dezenas de barragens hidrelétricas no rio Mekong e seus afluentes nas últimas décadas. Essa ambiciosa construção de infraestrutura deixou o país com dois desafios interligados: dívidas crescentes do financiamento de projetos de barragens e uma capacidade de geração de eletricidade maior do que a que pode ser vendida ou usada localmente. Agora, o governo do Laos está explorando um plano para usar esse excedente de energia para minerar criptomoedas — principalmente Bitcoin — como uma forma de monetizar a energia excedente e ajudar a pagar suas obrigações acumuladas.
A eletricidade já responde por uma parcela significativa de sua receita de exportação, e a energia hidrelétrica continua sendo uma das fontes de energia mais eficientes no Laos. No entanto, a região muitas vezes enfrenta gargalos de transmissão, variabilidade sazonal no fluxo de água e infraestrutura limitada para armazenar ou redirecionar o excesso de energia. Ao canalizar o excedente de energia para a mineração, o governo vê uma rota para converter o que de outra forma seria capacidade desperdiçada em retornos financeiros. Ainda assim, o empreendimento levanta questões complexas: e as trocas ambientais, a demanda futura de energia, o impacto regulatório e o potencial de escassez de energia?
Para o Laos, a oportunidade é real—mas os riscos também são. A mineração de criptomoedas bem-sucedida depende muito de baixos custos de eletricidade, estabilidade de rede confiável e estruturas regulatórias favoráveis. Se os níveis de água caírem, ou se a demanda dentro do Laos crescer mais rápido do que o planejado, os lucros da exportação ou da mineração podem ser prejudicados. Além disso, os mercados globais de criptomoedas permanecem voláteis; os ganhos podem oscilar descontroladamente com o preço do Bitcoin e as mudanças na dificuldade de mineração. Por enquanto, usar o excedente de energia hidrelétrica para a mineração oferece ao Laos uma nova alavanca: uma ferramenta econômica que poderia ajudar a pagar a dívida das barragens—se gerenciada bem, com visão de futuro e com salvaguardas para a equidade energética e o impacto ambiental.
